Páginas

sábado, 10 de outubro de 2009

Encontro comigo mesma


Paz. Há tempos não sentia a sensação da paz. Pois é, cheguei ao meu limite e decidi: 05 dias de isolamento. Sem telefone, trabalho, chefe, empregada, fazer a cama, lavar a louça, cara de paisagem, responder e-mails, pagar contas, dormir com pressa, acordar correndo, comer sem sequer sentir o gosto da comida. Então aqui estou eu, com tempo (e inspiração) para escrever!

Acordo literalmente com o cantar dos pássaros à minha porta, alguns já dentro de casa, aproveitando a porta aberta para espiar a mim, estranha. Meu amor já está desperto e se apruma cautelosa e silenciosamente para não me acordar. Abro os olhos; o leito grande e quente me acolhe, sem prazo. Um ‘bom dia’ gostoso, um beijo demorado, um abraço sem pressa. Levanto-me e espreguiço, com vistas para um vale imenso, uma paisagem sem igual, onde tudo é verde e infinito; e não há mais nada além de tudo isso. Estou em um pico muito alto, muito longe, onde quase toco o céu. Em frente à minha porta, o topo de uma árvore enorme que nasce no vale, lá embaixo - algo inexplicável de beleza e força. Somos apenas eu, meu amor e, vez em quando, um cão labrador da região, atraído por nossos carinhos (e biscoitos).

O desjejum é saboreado vagarosamente, iniciando com água morna e limão, seguido de frutas frescas, pão quentinho, queijo, leite e café, suco de frutas... E assim o dia segue, sem relógio ou compromissos. Que sensação de liberdade demorar a lembrar que dia do mês é, e não se importar em que horas são.

Sol, água, grama, terra, ar puro, silêncio, idéias, inspiração. Tempo. Agora posso sentir meu corpo, me tocar, me escutar. Leio psicanálise, filosofia, ciência; aprendo mais sobre o poder dos mitos. Transporto-me da vida que tinha para sonhar a vida que quero. À luz das estrelas, que surgem incrivelmente brilhantes no céu escuro, quando a única luz terrena que nos ilumina é a de uma pequena vela, me redescubro e me renovo, em contato com a vida em sua plenitude. Os sentimentos são muitos, e posso senti-los. Alegria, paz, medo, angústia e esperança quase se misturam, mas se distinguem por suas formas únicas. Posso senti-los! E foi justamente isso que vim buscar.

’Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro se tornar cinza?’’
(Assim falou Zaratustra)

Beijos e até a volta à ‘’vida real’’ (?)
Duda Magallon

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir
  2. Duda! Senti suas palavras a flor da minha pele! Que bom, seu feito será uma inspiração pra mim neste final de ano, onde estarei apenas eu e meu amado filho! Não esquecerei de deixar o relógio e celular! bj e parabens

    ResponderExcluir